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Sinais e diagnóstico da discalculia

12/09/2025

Crianças que apresentam dificuldades persistentes para lidar com números, contar corretamente ou entender conceitos básicos de matemática podem estar enfrentando mais do que uma simples barreira de aprendizado. A discalculia é um distúrbio específico que afeta a forma como o cérebro processa informações numéricas e interfere diretamente na aprendizagem matemática. Embora muitas vezes seja confundida com desatenção ou falta de prática, trata-se de uma condição neurológica real, que exige diagnóstico adequado e estratégias específicas de apoio.

O que é discalculia e por que é diferente de dificuldades comuns

A discalculia é caracterizada por uma dificuldade acentuada em compreender conceitos matemáticos básicos, realizar cálculos simples e associar números a quantidades. Estudos indicam que entre 3% e 6% das crianças em idade escolar podem ser afetadas, mas o número pode ser ainda maior, já que a condição costuma ser subdiagnosticada.

Enquanto dificuldades pontuais podem ser superadas com revisão de conteúdo ou mais exercícios, a discalculia está relacionada a fatores neurológicos que afetam o modo como o cérebro interpreta símbolos numéricos, sequências e relações matemáticas. Isso significa que a criança não apenas esquece a tabuada ou erra um cálculo ocasionalmente — ela encontra obstáculos para compreender a lógica por trás das operações.

Com o avanço da escolaridade, os impactos podem aumentar. Crianças não diagnosticadas podem desenvolver baixa autoestima, sentir ansiedade em avaliações e até evitar situações que envolvam números, prejudicando não apenas o desempenho escolar, mas também a vida cotidiana.

Principais sinais em diferentes idades

Identificar a discalculia requer atenção aos sintomas, que podem variar conforme a idade e a fase escolar. Entre os sinais mais comuns estão:

Na educação infantil: dificuldade para aprender a contar na ordem correta, reconhecer padrões simples ou entender o conceito de "mais" e "menos".

Nos primeiros anos do ensino fundamental: problemas para memorizar a tabuada, realizar somas e subtrações básicas sem contar nos dedos ou compreender sinais como +, − e =.

Nos anos finais do fundamental e ensino médio: desafios para interpretar gráficos, calcular porcentagens, entender fórmulas e lidar com conceitos abstratos, como área, volume ou velocidade.

Outros sinais incluem dificuldade para estimar quantidades, comparar números, fazer cálculos mentais rápidos e compreender situações cotidianas que envolvam noções matemáticas, como dar troco ou calcular horários. “Quando a criança demonstra dificuldade persistente em compreender a lógica dos números, mesmo com apoio e revisões, os pais devem considerar a possibilidade de discalculia e buscar uma avaliação especializada”, orienta Marília Lima, coordenadora do Ensino Fundamental Anos Finais da Escola Moura Jardim, de São Paulo.

Tipos de discalculia e como se manifestam

A condição pode ser classificada em diferentes tipos, dependendo das áreas mais afetadas:

Discalculia verbal: dificuldade para compreender conceitos matemáticos quando apresentados oralmente.

Discalculia gráfica: problemas para escrever números, símbolos ou reproduzir corretamente fórmulas e expressões matemáticas.

Discalculia ideognóstica: dificuldade para realizar cálculos mentais, mesmo que simples.

Discalculia operacional: obstáculos para executar operações matemáticas básicas, como adição e subtração.

Essas classificações ajudam os profissionais a direcionarem intervenções específicas, já que nem todas as crianças apresentam os mesmos sintomas ou limitações.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico da discalculia é multidisciplinar e geralmente envolve psicólogos, neuropsicólogos e, em alguns casos, fonoaudiólogos e pedagogos. Ele inclui entrevistas com os pais, análise do histórico escolar e aplicação de testes que avaliam raciocínio lógico, memória, linguagem e habilidades matemáticas.

É fundamental diferenciar a discalculia de outras condições, como a dislexia ou o transtorno de déficit de atenção, já que algumas dificuldades podem se sobrepor. Além disso, é preciso descartar fatores emocionais ou lacunas no aprendizado antes de confirmar o diagnóstico.

“Somente uma avaliação profissional detalhada pode indicar se a criança tem discalculia e quais estratégias serão mais eficazes para seu desenvolvimento”, reforça Marília Lima, da Escola Moura Jardim, em São Paulo.

Causas e fatores de risco

Pesquisas apontam para uma combinação de fatores genéticos e neurológicos na origem da discalculia. Alterações em áreas do cérebro responsáveis pelo processamento numérico, como o lobo parietal, têm sido associadas ao distúrbio.

Além disso, condições como prematuridade, baixo peso ao nascer e histórico familiar de dificuldades de aprendizagem podem aumentar o risco. No entanto, a presença desses fatores não significa necessariamente que a criança terá discalculia, já que o desenvolvimento infantil é influenciado por múltiplas variáveis.

Impactos no aprendizado e na vida diária

A discalculia não afeta apenas o desempenho em matemática. Ela pode gerar insegurança em situações do dia a dia, como calcular o tempo necessário para chegar a um local, interpretar informações numéricas em um gráfico ou lidar com dinheiro.

Na escola, a dificuldade pode comprometer o aprendizado de disciplinas que dependem de conceitos matemáticos, como física e química, além de afetar o desempenho em provas e vestibulares. Fora do ambiente acadêmico, pode influenciar decisões financeiras e profissionais, tornando essencial a identificação e o tratamento precoces.

Estratégias de apoio e intervenção

Embora não exista cura para a discalculia, intervenções adequadas podem reduzir significativamente seus impactos. Entre as estratégias mais recomendadas estão:

Uso de recursos visuais: diagramas, gráficos e objetos concretos ajudam a representar conceitos abstratos.

Aprendizado passo a passo: dividir problemas complexos em etapas menores facilita a compreensão.

Tecnologia educacional: aplicativos e jogos interativos podem tornar o aprendizado mais atrativo.

Adaptações escolares: mais tempo para provas, uso de calculadoras e explicações individualizadas são medidas úteis.

Pais e professores devem trabalhar juntos para criar um ambiente acolhedor, livre de críticas e comparações. O incentivo positivo e o reconhecimento das conquistas, por menores que sejam, ajudam a reduzir a ansiedade e fortalecem a autoestima da criança.

A importância do diagnóstico precoce

Quanto mais cedo a discalculia for identificada, melhores serão as chances de a criança desenvolver estratégias eficazes para lidar com suas dificuldades. Intervenções precoces evitam que os impactos acadêmicos e emocionais se acumulem, permitindo que ela acompanhe o ritmo escolar com mais confiança.

Psicopedagogos e terapeutas especializados podem trabalhar habilidades específicas, enquanto professores adaptam o conteúdo para torná-lo mais acessível. O envolvimento da família, com apoio emocional e acompanhamento das atividades, também é essencial para o progresso do aluno.

Convivendo com a discalculia

Crianças com discalculia podem alcançar bom desempenho acadêmico e profissional quando recebem o suporte necessário. É importante destacar que a condição não está relacionada à inteligência geral, mas a uma dificuldade específica no processamento de informações matemáticas. Ao desenvolver habilidades alternativas e utilizar recursos adaptados, muitos alunos superam os obstáculos iniciais e conseguem aprender matemática de forma funcional, aplicando-a no dia a dia e em seus estudos futuros.

Para saber mais sobre discalculia, visite https://institutoneurosaber.com.br/artigos/discalculia-quando-a-dificuldade-com-a-matematica-e-um-disturbio-de-aprendizagem/ e https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/criancas/discalculia-em-criancas-o-que-e-como-identificar-e-tratar,29b36ac951352311a7200862b613bdabnjifb1at.html#google_vignette

 


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