02/05/2025
Conciliar maternidade, trabalho e vida pessoal frequentemente se transforma em um terreno delicado para as mulheres. Mesmo quando estão se esforçando ao máximo, muitas mães se sentem como se estivessem falhando em algum aspecto — o que alimenta uma culpa constante e injusta. Essa sensação não surge do nada: ela é alimentada por expectativas irreais, cobranças sociais e, muitas vezes, pela própria autocrítica.
A pressão começa cedo, ainda na gestação. Há um padrão de comportamento ideal que muitas mulheres acreditam que devem seguir: ser sempre presentes, pacientes, equilibradas e produtivas. Mas a realidade é mais complexa. Diante de tantos papéis simultâneos, a mulher que trabalha fora, cuida da casa e dos filhos, tenta manter relacionamentos e, se possível, cuidar de si, acaba se esgotando física e emocionalmente. E mesmo assim, sente que ainda não é suficiente.
“Reconhecer que não existe uma única forma certa de ser mãe é um passo importante para aliviar a culpa”, afirma Katia Jardim, diretora da Escola Moura Jardim, de São Paulo. “É preciso abrir espaço para que as mulheres se escutem e se acolham sem julgamentos”, completa.
A culpa materna, muitas vezes silenciosa, tem consequências reais. Pode afetar a saúde mental da mulher, aumentar a ansiedade e comprometer o vínculo com os filhos. Quando a mãe se sente sobrecarregada e inadequada, ela pode se isolar, perder o prazer nas atividades cotidianas e até desenvolver sintomas de esgotamento profundo — o chamado mommy burnout. Esse desgaste emocional não apenas afeta o bem-estar da mãe, mas também interfere no ambiente familiar como um todo.
Outro fator que reforça esse sentimento é a comparação constante. As redes sociais, por exemplo, amplificam modelos irreais de maternidade plena, feliz e eficiente, que muitas vezes ignoram os desafios diários. Isso aumenta o senso de inadequação e a percepção de que todas as outras mães estão “dando conta”, menos ela.
Nesse contexto, o papel da escola pode ser de acolhimento e escuta. Ao construir uma relação de confiança com as famílias, demonstrando sensibilidade para as realidades individuais, a instituição contribui para aliviar parte da pressão sentida pelas mães. Não se trata de resolver todos os conflitos da maternidade, mas de validar sentimentos, criar espaço para trocas e oferecer suporte quando necessário.
Aliviar essa culpa passa por um processo coletivo de conscientização. Romper com o mito da mãe perfeita e permitir que as mulheres sejam humanas — com dúvidas, cansaço, limites e acertos — é um caminho fundamental para tornar a experiência da maternidade mais leve, autêntica e possível.
Para saber mais sobre dores que as mães sentem, visite https://leiturinha.com.br/blog/mommy-burnout-o-esgotamento-de-maes-sobrecarregadas/ e https://drauziovarella.uol.com.br/mulher/os-cuidados-com-a-saude-mental-das-maes-precisam-acontecer-desde-a-gestacao/